quarta-feira, 21 de setembro de 2011

AUTO RETRATO ALHEIO CAPÍTULO 3


Gostaria de ser esquizofrênica paranóica e ter criado um lindo universo paralelo só pra mim. Nele eu seria o Batman. Não gostaria de ser a Bat Girl porque é um personagem secundário e eu não poderia ser o coadjuvante da minha própria vida, é claro.
Mas muitas vezes é isso que nos tornamos. Colocamos os valores alheios em primeiro plano e esquecemos de ouvir nossa própria voz. Isso acontece quando aceitamos os dogmas religiosos e os padrões sociais que nos são infringidos por nossos pais, nossos professores, padres e pastores.
Minha mãe era médica, católica apostólica romana e suicida.
Ela se matou quando meu pai resolveu explorar abertamente territórios proibidos e muito mais jovens. Ele gostava de Ninfetinhas.
 Eu me pergunto sempre o porquê de tantos homens gostarem de mulheres muito mais jovens e cheguei a algumas conclusões:
1-Alguns machos de nossa espécie procuram fêmeas no começo da idade reprodutiva para terem mais chances de terem filhotes mais fortes. 2-  Tem medo   de serem comparados com outros machos e consideram que as bem jovens não tem parâmetro de comparação. 3- As mais jovens ainda não desenvolveram o raciocínio lógico suficiente para perceberem o quanto eles são patéticos!
Minha mãe, numa tarde de domingo, quando eu e meu irmão brincávamos na piscina, deu um tiro na cabeça.
Quais eram seus pensamentos na hora em que cometeu este grande erro? Extrema tristeza? Desespero? Depressão? Talvez tudo isso junto, mas eu sei que o amor que ela  deveria sentir por nós tinha que predominar perante tudo isso. Mas não aconteceu. Ela morreu de amor e ódio pelo meu pai.
 Ela já era morta antes disso. Passava seus dias mexendo nas coisas dele, contratando detetives particulares, amaldiçoando mulheres, comendo, dormindo, comendo, dormindo, se desesperando. Ela também se preocupava em gastar o dinheiro que ele ganhava com futilidades da última moda. Fazia jantares em casa e procurava parecer ótima sempre, mas por dentro era um lixo humano.
Não fiquei triste quando ela morreu, fiquei curiosa com o buraco da bala aberto na sua Têmpora. Meu irmão vomitou e eu fiquei olhando, olhando... até anoitecer, chegar a madrugada. Então meu pai chegou. Bêbado. Eu só me lembro depois, no enterro, quando  alguém comentava e olhava pra mim: “essa menina é fria”. Eu não podia chorar a morte de uma mãe que eu nunca tive. Eu não conseguia sentir a falta dela.
Meu irmão gêmeo, Arthur é um sujeito amoroso, carismático! Sempre foi muito sensível. Eu o defendia  na escola, tinha que bater nos meninos.  Tinha que protege-lo sempre.
O Arthur é Arquiteto. Mora com um amigo, é sociável. Quase morreu do coração quando eu matei o Alexandre!!! Penso nele mais do que em mim mesma.
No dia em que minha mãe morreu a única coisa que me preocupava era meu irmão que não parava de chorar e vomitar. De onde estava surgindo tanto conteúdo para ele vomitar se ele não estava comendo? Será que ele estava vomitando os próprios órgãos? Será que já esta chegando a vez de vomitar o próprio coração? Eu tinha medo dele morrer, porque eu ficaria sozinha se isso acontecesse.
Não entendo esse tipo de amor que leva as pessoas a cometerem suicídio, só entendo a raiva que leva alguém a matar.

CONTINUA....

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