O grande dilema que tive com um ano, certamente foi a angustia de não mamar nos peitos de minha mãe. Freud veio com suas teorias e minhas neuroses de hoje estão explicadas e continuam a me assombrar como fantasmas embaixo da cama, atrás das cortinas e dos meus olhos quando estão vazios.
Todos os anos, penso estar vivendo a maior e mais substancial de todas elas. E vivo, e apesar de mim, continuo vivendo.
Aos 16, cheguei a questionar a existência da minha própria criação, da criação de todas as criaturas, da criação da criação e da criação de existência, tamanha a quantidade de hormônios Demônios, presentes nas espinhas do meu queixo. Eu era queixo, peitos, pelos e nádegas crescendo contra mim.
Com 7 anos, surtei de ódio, medo e raiva, do meu pai, da escola, da mãe e dos inventores do Natal.
Todos os anos, eu surto no Natal. No meu inferno pessoal é sempre Natal, com papai Noel, 25 de março e Shopping, muitos abraços de desconhecidos e bebida barata. Pessoas desejando felicidades pelo aniversário de um Cristo que não respeitam e que certamente odiaria o Natal.
Aos 23 anos, deixei de ser eu pra ser a mãe dos meus filhos. Até minhas foto desapareceu do meu documento, quando foi pra máquina junto com roupinhas de bebê. meu coração batia no peito de outra pessoa agora. Hoje continua batendo, dividido em três. O que fiz com um terço do que sobrou de mim mesma é o que me assombra hoje.
Esse pequeno pedaço que sou eu, ainda vive, mas precisa se reinventar, resgatar o que ficou de bom no tempo, como a energia de gritar por justiça e por um mundo melhor que eu tive aos 16, a paixão de doer a barriga, a inconsequência divertida.
43 anos. Estou novamente perdida. Mas estar perdida é uma constante que me pertence.
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