A BELA E A FERA
"Em
briga de marido e mulher ninguém mete a colher"
(ditado popular)
O conto
"a Bela e Fera", narra a história da filha
mais nova de um mercador, que tinha três filhas, porém, enquanto as
filhas mais velhas gostavam de luxo, festas e vestidos, a
mais nova, a quem todos chamavam Bela, era humilde,
gentil, generosa, e tratava bem as pessoas. Uma perfeita
"dama", totalmente encaixada nos estereótipos de comportamento
que até hoje são
exigidos às mulheres. Além, é claro, de ser
muito bela e virgem numa clara alusão à falta de liberdade sexual feminina.
Seu pai, um dia ficou pobre, mas
logo recebeu notícias de bons negócios na cidade, e resolveu partir.
As duas filhas mais velhas pediram presentes caros e Bela, apenas uma rosa.
Essa atitude ressalta o comportamento submisso e sem objetivos de crescimento material da jovem.
Quando o mercador
voltava para casa, foi surpreendido por uma tempestade, e se abrigou em um
castelo mágico no caminho. Ao partir, pela manhã, avistou um
jardim de rosas e, lembrando do pedido de Bela, colheu uma delas para levar
consigo. Foi surpreendido,, pelo dono, uma Fera horrível, que lhe impôs uma
condição para viver: deveria trazer uma de suas filhas para se oferecer em seu
lugar.
A partir
daí, começa uma história que muito se parece com a de milhares de mulheres
que sofrem maus tratos, mas não abandonam o marido ou namorado agressor , na
esperança que um dia ele mude como por encanto, e se transforme no príncipe
dos seus sonhos.
A solidão que uma mulher nessas condições deve aguentar, a
ponto de ter como os únicos companheiros, pratos e xícaras falantes.
Segundo o
IBGE, só nos centros urbanos, morrem vítimas de violência doméstica
5,1 milhões de mulheres por ano. Mulheres agredidas por seus
parceiros, física ou psicologicamente, e que continuam com seus
parceiros por amor ou
Qual foi o
sentimento que fez com que a Bela se resignasse e aceitasse e
até se
casasse com seu agressor sequestrador; Primeiro: ele era
ameaçador, segundo, era violento, embora não agredisse fisicamente a Bela, a
mantinha em cativeiro.
E
violência contra a mulher , em 98% dos casos e
psicológica e Segundo o
site,
o artigo 7º da Lei nº 11.340, tipifica
como violência psicológica qualquer conduta que cause dano emocional ou
prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação da mulher; diminuição,
prejuízo ou perturbação ao seu pleno desenvolvimento; que tenha o objetivo de
degradá-la ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões mediante
ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância
constante, perseguição, insulto, chantagem, ridicularização, exploração,
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio. Traz ainda a definição
da violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação
ou injúria.
O
Capítulo V do Código Penal Brasileiro, que
define os crimes contra a honra, criminaliza a injúria, a calúnia e a
difamação, enquanto o capítulo VI, dos crimes contra a liberdade pessoal,
tipifica o crime de ameaça.
Podemos
concluir também que a Bela sofre de sérios problemas. Como se apaixonar
pelo seu sequestrador, o cara que a machuca e a faz de escrava. Depois de um
pouco de observação fica claro que temos uma Síndrome de Estocolmo, (o
nome dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um
tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo amor
pelo seu sequestrador).