sábado, 26 de dezembro de 2015

O Machismo nos contos de Fadas P2 "A Bela e a Fera"

A BELA E A FERA 

                                               "Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher" 
                                                (ditado popular) 

  
  O conto "a Bela e Fera",  narra a história  da filha mais nova de um  mercador, que tinha três filhas, porém, enquanto as filhas mais velhas gostavam de luxo, festas e  vestidos, a mais nova, a quem todos chamavam Bela, era humilde, gentil,  generosa, e tratava bem as pessoas. Uma perfeita "dama", totalmente encaixada nos estereótipos de comportamento que até  hoje são exigidos às mulheres. Além, é claro, de ser muito bela e virgem numa clara alusão à  falta de liberdade sexual feminina.

   Seu pai, um dia ficou pobre, mas logo recebeu notícias de bons negócios na cidade, e resolveu partir.  As duas filhas mais velhas pediram presentes caros e Bela, apenas uma rosa. Essa atitude ressalta o comportamento submisso e sem objetivos de crescimento material da jovem.

  Quando o mercador voltava para casa, foi surpreendido por uma tempestade, e se abrigou em um castelo mágico no caminho.  Ao partir, pela manhã, avistou um jardim de rosas e, lembrando do pedido de Bela, colheu uma delas para levar consigo. Foi surpreendido,, pelo dono, uma Fera horrível, que lhe impôs uma condição para viver: deveria trazer uma de suas filhas para se oferecer em seu lugar.

  A partir daí, começa uma história que muito se parece com a de milhares de mulheres que sofrem maus tratos, mas não abandonam o marido ou namorado agressor , na esperança que um dia  ele mude como por encanto, e se transforme no príncipe dos seus sonhos. 
   A solidão que uma mulher nessas condições deve aguentar, a ponto de ter como os únicos companheiros, pratos e xícaras falantes.  

   Segundo o IBGE, só nos centros urbanos, morrem vítimas de violência doméstica 5,1 milhões de mulheres por ano. Mulheres agredidas por seus parceiros, física ou psicologicamente, e que continuam com seus parceiros por amor ou 
   
  Qual foi o sentimento que fez com que a Bela se resignasse e aceitasse e até se 
casasse com seu agressor sequestrador; Primeiro: ele era ameaçador, segundo, era violento, embora não agredisse fisicamente a Bela, a mantinha em cativeiro. 
   E violência contra  a mulher , em 98% dos casos e psicológica e Segundo o site, o artigo 7º da Lei nº 11.340 tipifica como violência psicológica qualquer conduta que cause dano emocional ou prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação da mulher; diminuição, prejuízo ou perturbação ao seu pleno desenvolvimento; que tenha o objetivo de degradá-la ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição, insulto, chantagem, ridicularização, exploração, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio. Traz ainda a definição da violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. 
O Capítulo V do Código Penal Brasileiro, que define os crimes contra a honra, criminaliza a injúria, a calúnia e a difamação, enquanto o capítulo VI, dos crimes contra a liberdade pessoal, tipifica o crime de ameaça. 


 Podemos concluir também que a Bela sofre de sérios problemas. Como se apaixonar pelo seu sequestrador, o cara que a machuca e a faz de escrava. Depois de um pouco de observação fica claro que temos uma Síndrome de Estocolmo, (o nome dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo amor pelo seu sequestrador).

O machismo nos contos de fadas. parte 1

            

"E viveram felizes para 


   Frase comumente encontrada nas histórias infantis e juvenis de contos de fada, onde a figura masculina é na maioria das vezes retratada como herói, o salvador da alma frágil da mulher, que só encontra a felicidade na união convencional.
  
  Tenho como objetivo, o aprofundamento e a análise da cultura de uma sociedade machista,  manifesto através da literatura infantojuvenil dos contos de fadas.
  Ainda há quem hoje diga que machismo não existe, mas diz frases no seu dia a dia como” correr como uma mocinha”, coisas de menina e menino”, ou que “mulher deve se dar ao respeito”, entre milhares de outras, sem notar a mensagem subliminar contida nelas, de que mulher exerce papel de mais fraca, inferior, ou não tem a mesma liberdade sexual do homem.

  Em uma sociedade, em que o corpo feminino esta  sendo livremente  vendido em comerciais de cerveja, onde,"violência contra a mulher é “a violação de direitos humanos mais tolerada no mundo”, segundo o site  da Onu, não podemos ignorar que ainda há distinção de gênero com clara depreciação da figura feminina.

  Pouquíssimo tem sido observado na área da educação com relação aos contos infanto-juvenis com conteúdo machista.

Recentemente foi publicado no site G1(http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/03/professoras-usam-contos-de-fadas-e-cartazes-para-ensinar-direitos-sociais.html), um trabalho pioneiro realizado por professoras de educação infantil e fundamental de vários partes do Brasil, que aborda o tema:

“Levando para a sala de aula livros e filmes, as professoras conseguiram ouvir a opinião das crianças sobre diversos temas. Os alunos questionaram o porquê de só os príncipes salvarem as princesas em contos de fadas e os motivos de meninos não poderem chorar.e
Embora seja um trabalho gratificante, ele também é cansativo e mostra histórias nem sempre positivas, como casos de alunas vítimas de abuso. Mas o resultado, segundo as professoras, vale a pena, porque é através dele que elas conseguem ajudar os pequenos e pequenas a aprenderem a respeitar os direitos de todos.”

           

   Provar e divulgar  que há machismo nos contos de fadas, esse é meu objetivo.